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domingo, 30 de dezembro de 2012

Passou Acolá


Pela porta entreaberta;
Pelo rastejar da chinela;
Viu-se a sombra;
Alto, falei quem vem lá?
Ninguém respondeu acolá;
Depois de ouvir a chiada;
Será, João, Zé ou Mané?
Se fosse mulher bonita ia ver;
Agora marmanjo feito deixa passar;
Passa pra lá, vem e passa pra cá;
Da minha rede nem vale levantar;
Meu sossego ninguém vem me pagar.

Afinal, logo há, de voltar;
Pra que ficar curioso, dá trabalho só em pensar;
Quero mesmo é curtir a rede a me abraçar;
E penso, penso, já deu pra cansar;
Se o vento bater na porta e abrir nem preciso levantar;
Para por aqui mesmo ganho mais pra esperar;
Se for o Zé, alguma coisa vai derrubar;
E a zuada deve soar!
Se for o João, já deve tropeçar;
Manco daquele jeito, desajeitado deve estar;
Se for Mané, não volta sem gritar;
Pra assustar fácil é bater uma luz pra assombrar;

Eu, do alto dos meus oitenta;
Ai penso, se me aguenta;
Quando daqui me levantar;
Começo a considerar;
A realidade de ir até lá;
Só pra ver se alguém vai passar;
Novamente bate o descaso;
E antes de ficar esperando o acaso;
Fiquei de espreita, só ouvido o sonar;
Foi bom esperar,
E pior decepcionar;
A espera de duas pernas passou fora quatro patas pra lá;

Pois nem lembrava em pensar;
O jumento do mais bravo passara por lá;
Cheio de braveza deu seu ar da graça;
Morador novo, fugido do terreiro de cá;
Pro lado das minhas mangas
Ele vem me roubar;
Bicho matreiro, com ar de pandilheiro;
Em surdina da noite vem como mateiro;
Ainda da cabo de me assaltar;
Vai me dar trabalho pra esse bicho afastar;
Vou é voltar pra minha rede;
Pelo amanhecer ele deve voltar de lá;

Waguinho Alencar.

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